terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Ah, a raiva


Ela sentiu um frio na espinha quando o viu. Não sabia dizer o que era. Então num gesto normal o cumprimentou como nos velhos tempos. A medida que a conversa evoluía retirando-se das "cerimônias iniciais" ela ficava cada vez mais desconfortável. Havia algo nele que a estava incomodando. Era como se aquele cara que ela havia namorado durante bons 2 anos, pelo menos para ela, fosse outro e, realmente, era. Faltava algo nele. Aquela luz que ele sempre transmitira havia se apagado. Não havia mais sensibilidade naquela pobre alma. Ela não conseguia mais sentir nada nele além de um frio e uma escuridão que acobertava uma raiva. Parecia que ela estava falando com uma pedra. Sentiu medo. Percebendo o olhar fixo da garota, o rapaz, deu um leve sorriso no canto da boca. Sem entender ela pediu uma explicação.
- Satisfeita?
- Do que está falando?
- Desse olhar fixo de indagação sobre mim percebendo que mudei.
- Ahmm. Não estou o reconhecendo mais, o que houve?
Olhando fixamente nela e deixando transparecer pelo seus olhos o ódio em sua forma mais primitiva, mas, ainda sim, com muita serenidade, ele diz:
- Você.


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