Angústia do dia

Umedecendo todos os cantos, a chuva cai fria, escorrendo por todo lados, trilhando um caminho e desviando de seus desafetos. Cai forte como lágrimas de quem sofre por alguém. É o momento de angústia nessa fatia do dia ou em todo ele. Dia que se esconde por detrás de uma capa de nuvens negras, densas, carregadas. No ápice da crise, da loucura, da raiva, os raios gritam e desenham-se no céu demostrando todo seu desprezo por nós, seres ignorantes. Rugem como ferozes leões que nos devoram pelo medo. Mostram-nos o quão pequenos somos perante os sentimentos da natureza.

Mais um...

Foto por Miguel A. Lopes em Lisboa.

As vezes há uma saudade de não notar nada, de não perceber as coisas e não achar que tudo está errado. Ser apenas mais um no meio de tantos alienados. Não ser alguém diferente, que pensa, sempre acomodado com uma vida que te empurram guela abaixo. Assistir televisão e acreditar em tudo que se fala. Acreditar que os loucos são parasitas que querem estregar nossas vidas. Resumindo, ser normal. Essa palavra me dá calafrios. Apenas em pensar nela, aquela saudade que comentei já passa. Uma vez que se descobre a verdade nada mais volta a ser como antes. Há uma vontade de aprender e querer mudar o mundo havendo mais felicidade, mais amor, mais loucos para tentar mudá-lo.