quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Papo de bar


Aqueles dois homens continuaram conversando no bar. Notava-se que um deles estava preocupado. Não conseguia manter o foco em nada e mexia compulsivamente. Até que quebrou o silêncio.
- Não paro de pensar nela.
- Pois é. Sabia que havia algo de errado contigo. Acalme-se e complete seu copo.
- Não tem noção de como a quero. Percebi que ela é a mulher da minha vida.
- Cale a boca! Não sabe a merda que disse.
- Claaaaaro. Falou o "Sr. experiência com mulheres" em pessoa.
- Você está descontrolado, mas mesmo assim tentarei fazer minhas palavras entrarem na sua cabeça. Escute. Você a quer certo? Você acha que a terá?
- Sim, sim, sim
- Não me interrompa, voltando. Saiba que nunca a terá!
- AHAM! Ah, vá a merda!
- Fique quieto. Deixe eu terminar. Essa via é de uma mão só, meu caro. Só ela o terá, ou melhor, já o tem. A melhor coisa que tem a fazer é saber que está sendo controlado e não se importar com isso. Admita para si mesmo isso. Torça para que ela não saiba "jogar". Senão pelo contrário bastará abrir as pernas para lhe ter lambendo os pés. Renda-se enquanto há tempo, pois ela saberá transformar sua vida num verdadeiro inferno. Bote isso na sua cabeça e não se importe mais.
- (Gargalhadas). Nunca ouvi tanta merda em minha vida em tão pouco tempo.
- Eu já admiti pra mim e estou muito bem. Agora é sua vez.
- Ok, ok.... mas a próxima quem paga é você.
- Garçom!!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Tolo


Apanhou, caiu e levantou. Continuou andando, porém sem rumo. Ele já não sabe mais o que fazer. Se considera homem feito, mas chora escondido achando que o mundo deveria ser do seu modo. Não passa de um garotinho que ao sinal de qualquer perigo esconde-se embaixo do vestido da mãe. Talvez seja esse o problema. Vive num mundo que não é seu. Que não foi construído por ele. Sempre moldado pelos outros. Sua liberdade não é verdadeira, pura ilusão de um conto de fadas que faz questão de acreditar. 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

O mentiroso


Voltou cabisbaixo para casa. Sua preocupação era consigo. Estava transformando-se no que? Possivelmente em alguma coisa que não conseguiria controlar. Não conseguia enxergar o homem que estufava o peito para falar mentiras e concordar com verdades que não lhe pertenciam. Estava viciado. Sua verdadeira vida foi falsificada por ele mesmo. Sua máscara sempre caía quando sua coragem era posta em jogo. Tantos desejos tantas intenções que não conseguiam ser ditas frente aos outros, mas agora já era tarde. Em algum momento breve, todos descobririam e ririam dele por saber quem ele não era, quem ele não foi e no perdedor que se transformou. A única certeza é que sua vida de mentiras agora era a mais pura verdade.